terça-feira, 19 de agosto de 2014

Jantar fevereiro 2014




Em fevereiro  de 2014, o nosso período de deambulação por restaurantes levou-nos até ao A Casinha. Localiza-se na zona do Freixieiro, bem perto do Aeroporto Francisco Sá Carneiro. Numa rua secundária espera-nos uma moradia (a tal Casinha?), onde um restaurante existe para receber e tratar bem os seus clientes. Não fomos exceção e o incansável Sr. Vítor preparou-nos um menu degustação que mais parecia um banquete. O resultado foi excelente, com uma variedade de perder a conta acompanhada de alta qualidade na elaboração.

A conjugação da qualidade do local, dos vinhos e de um grupo cheio de afinidades só poderia originar um belo serão. Os devidos agradecimentos ao restaurante, que proporcionou condições para tal, sem esquecer os participantes que se deixaram contagiar pelo ambiente que se criou.

O arranque foi com um espumante nacional, desenhado essencialmente para exportação. A Raposeira elabora um Super Reserva Peerless, que se revelou muito bom. Cor citrina, aroma delicado, com alguma complexidade; na boca é leve, fresco, mousse interessante e final longo. Agradou, muito bom.
 
Passagem de imediato para o capítulo brancos, que iniciou com o MOB (Moreira, Olozabal e Borges), parceria de enólogos mais ligados ao Douro, desta vez no Dão. O vinho mostrou-se jovem e com as características da região, cor citrina, aroma com toque mineral e fumado, concentração média. Na boca, elegante, fresco e agradável, final médio. Bem feito, agradou, mas sem grande entusiasmo.

Uma subida até ao Douro trouxe o Meruge branco, que também mostrou carácter duriense, ou não fosse um varietal de Viosinho. Cor citrina, aroma frutado, balsâmico e notas de madeira, fresco, suave e equilibrado na boca, termina médio. De agrado geral, muito bom. Uma viagem no tempo levou-nos até ao Conde d'Ervideira 2008, já com sinais de evolução, mas qualidade intacta. Cor amarelo intenso, aroma complexo, com nuances balsâmicas e de madeira, fresco, textura cremosa e equilibrado, termina médio. Ninguém estranhou, a boa forma do vinho agradou à plateia e a classificação global coloca-o no muito bom.

O jogo de ténis de mesa vínico teve início com o regresso ao Douro através de um entusiasmante Mãos Reserva. Provámos a colheita 2010 e estava em grande forma. Cor palha, aroma complexo, com nuances frutadas, especiadas e notas do estágio em madeira. Suave, fresco e equilibrado na boca, termina longo. Um vinho que causou impacto pela positiva, reuniu consenso e atingiu a excelência. Parabéns aos irmãos que elaboram este belo branco. Um vinho com presença assídua nos nossos jantares é o Esporão Reserva, uma referência ao nível de relação qualidade/preço quando falamos de vinhos brancos. Mais uma vez agradou a todos os presentes, com a sua cor amarela, aromas ainda com traços frutados e vegetais, a textura já suavizada apresenta os primeiros sinais de cremosidade, sem sacrificar uma boa frescura. Termina longo, muito bom. Um vinho com uma consistência qualitativa muito interessante.
A hora de mudar de cor chegou e fizemos uma viagem até à Toscana, com o Il Gentili de Casanova, do produtor La Spinetta, que está a angariar adeptos no nosso clube. De cor rubi, aromas jovens, frutados e florais; suave, taninos com alguma adstringência, fresco e equilibrado, termina médio. Um vinho muito agradável. Regressámos a Portugal e ao Dão, onde é elaborado o Ladeira da Santa Reserva. Cor rubi, aroma essencialmente frutado. Na boca é suave, fresco e equilibrado e termina médio. Um vinho que agradou, mas não gerou particular entusiasmo, o que não seria de esperar. Também nos tintos recuámos uns anos e fomos até ao Meandro do Vale Meão 2003. O vinho estava em grande forma e entusiasmou os presentes. A cor acastanhada denunciava o seu tempo de vida, que, por sua vez, proporcionou aromas elegantes de suave complexidade, com a especiaria da madeira a juntar-se a balsâmicos e ainda alguma fruta madura. Na boca, fresco, elegante, polido e final longo para um vinho encantador. Muito bom, justifica-se esquecer uma garrafas durante uns anos na cave... O fecho do capítulo tintos foi com o Bafarela Grande Reserva 2011, mais um vinho que convenceu os presentes. Cor rubi,  aroma frutado, floral e com nuances especiadas do estágio em barrica. Encorpado, taninos presentes, fresco e equilibrado, termina longo. Um belo vinho de um grande ano no Douro, que resulta numa boa relação qualidade/preço. Muito bom, para beber já ou guardar uns anos.
A maratona de provas já ia longa, mas ainda faltavam os vinhos de sobremesa, que também não pecaram por defeito: 3.
Arranque com o Quinta Mata Fidalga Colheita Tardia, ainda com perfil jovem e agradável. Cor palha, nariz frutado, balsâmico e nuances de madeira; na boca encorpado, fresco e equilibrado, até ao final médio. Seguiu-se o Quinta da Sequeira Colheita Tardia, curiosamente do mesmo ano (2009), mas com perfil mais complexo. Cor amarelo dourado, nariz com mais notas especiadas e de madeira, na boca mostrou-se untuoso na textura, fresco e equilibrado. Final longo, muito bom. O fecho foi com chave de ouro, com um Ramos Pinto Vintage 1983, em grande forma, que arrebatou a plateia. Cor acastanhada, aromas de grande complexidade, onde especiarias, frutos secos, caramelo ou iodo saltavam para o nariz a cada aproximação, muito elegante e polido na boca, terminava longo e encantador. Um grande vinho, que atingiu a excelência.

Terminou, então, uma noite muito intensa nos capítulos vínico e gastronómico, com uma enorme satisfação entre os presentes por um magnífico serão. Parabéns e agradecimentos ao restaurante A Casinha.


Nome Vinho Ano Tipo Castas Região Produtor Preço Prateleira Nota
Raposeira Super Reserva Peerless 2008 Espumante

Raposeira 7,00 € 16
MOB 2012 Branco Encruzado, Bical Dão Moreira, Olozabal & Borges 16,50 € 15,5
Meruge 2011 Branco Viosinho Douro Lavradores Feitoria 17,00 € 16,5
Conde d'Ervideira Reserva 2008 Branco Antão Vaz Alentejo Ervideira Soc. Agrícola 8,00 € 16,5
Mãos Reserva 2010 Branco Rabigato, Viosinho, Gouveio Douro Quinta Santiago – Rafael A R Pinto Miranda 12,00 € 17,5
Esporão Reserva 2011 Branco Antão Vaz, Arinto, Roupeiro Alentejo Herdade do Esporão 10,00 € 17
Il Gentili de Casanova 2008 Tinto
Toscana La Spinetta 17,00 € 15,5
Ladeira da Santa Reserva 2010 Tinto Touriga Nacional, Alfrocheiro Dão Ladeira da Santa, Lda 8,00 € 15,5
Meandro Vale Meão 2003 Tinto Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga franca, Tinta Barroca Douro F. Olozabal e Fos 12,00 € 17,5
Bafarela Grande Reserva 2011 Tinto
Douro Brites e Aguiar 11,00 € 16,5
QMF 2009 Colheita Tardia Maria Gomes, Bical Bairrada Quinta da Mata Fidalga 14,00 € 16
Quinta da Sequeira 2009 Colheita Tardia
Douro Quinta da Sequeira 20,00 € 16,5
Ramos Pinto Vintage 1983 Vinho do Porto
Vinho do Porto Ramos Pinto 100,00 € 17,5














































































































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