sexta-feira, 21 de março de 2014

Jantar dezembro 2013





O jantar de dezembro inspira-se na época festiva, portanto, é reservado a bolhas, sejam champanhes, espumantes, cavas ou outros. A edição 2013 decorreu no restaurante Dália, na Póvoa de Varzim, que teve a amabilidade de nos receber e fê-lo com toda a simpatia e competência. É um local moderno, espaçoso e muito agradável, que apresentou um menu delicioso, aprovado por unanimidade.

O jantar manteve a tradição das versões anteriores. Seja pela época ou pelo tipo de bebida, o facto é que estes nossos encontros de final de ano são muito leves, alegres, bem dispostos. Ficamos com a sensação que as bolhas propiciam este tipo de convívio, pelo seu carácter fresco e, muitas vezes, leve, características que favorecem um ambiente descontraído.

O painel foi bem diversificado, com passagens por França e Itália, mesmo que os espumantes nacionais tenham sido, naturalmente, predominantes. E que bem se portaram os nossos vinhos, com a Murganheira em grande destaque, a pedir meças a um ou outro champanhe, e o Hibernus Vintage a reunir um consenso e aprovação bem acima da média. Não temos por hábito distinguir vencedores, mas, o Veuve Clicquot que provámos deixou os companheiros de degustação bem distantes.

Ficam as impressões dos vinhos, em prova cega de 10 participantes.

Soalheiro rosé: de uma casa referência nos alvarinhos, temos um rosé muito agradável, consensual e com caráter. Mostou cor salmão, aroma vegetal, frutado e floral, boa presença na boca, suave, fresco e equilibrado até ao bom final. Muito bom.


CC & CP Pinot Noir: a parceria entre Carlos Campolargo e Celso Pereira (Vértice) também esteve muito bem. Este espumante 2007 mostra já sinais de evolução, o que acabou por gerar algumas opiniões distintas entre os presentes. No entanto, a qualidade notória foi reconhecida e apreciada pela maioria. De cor salmão, aromas complexos, com nuances frutadas, vegetais, balsâmico e madeira. Fresco, suave e equilibrado, termina médio.

A primeira incursão pela região de Champagne foi com o Cattier Vintage Cuvée Renaissance (um nome pomposo), vinho que se apresentou em bela forma (ano 2005), agradou, embora não tenha sido reconhecido de forma unânime como um champanhe. Com cor citrina, aromas com especiarias, balsâmicos e nuances de madeira, na boca mostrou-se suave, fresco e equilibrado. Final longo, muito bom.

Continuámos a viagem pela Europa, com paragem em Itália para provarmos o seu característico Prosseco. Este Valdobbiadene Garbara Millesimato mostrou-se muito agradável e de perfil amigável, com boa presença de boca e tipo meio-seco. Cor citrina, aromas frutados e com algum anis, bem leve na boca, com frescura e equilíbrio até ao final médio. Um bom spumanti.


O regresso a Portugal foi através de uma região cujos espumantes são cartão de visita: Bairrada. Na mesa esteve um vinho de um dos seus mais conhecidos produtores: Luís Pato. Fazendo juz à sua alcunha de Sr. Baga, elabora um Luís Pato Baga, que compareceu no jantar. Causa logo impacto pela cor avermelhada, que gerou motivo de conversa; depois, as boas frescura e leveza na boca conferem um perfil agradável, consensual. Curiosamente, é um baga com mais notas de frutos vermelhos do que vegetal e terroso, como muitas vezes a casta nos aparece. Feito para agradar, consegue-o, é um bom espumante.

Não é uma marca muito conhecida e demonstra que a abertura para coisas novas pode reservar boas surpresas. Também da Bairrada veio o Hibernus Vintage, um espumante de grande qualidade, que chegou, viu e (con)venceu. Mostrou característica de espumantes de gama mais elevada, com complexidade nos aromas, bolha fina, boa frescura, bem como equilíbrio e elegância globais. Destacou-se pela unanimidade na avaliação, já que as classificações variaram entre 16,5 e 17,5, ou seja, tem qualidade, é reconhecida e agrada na prova. Muito bom, boa surpresa.

Regresso a Champagne, com um vinho clássico: Veuve Cliquot. Por vezes acontece um vinho destacar-se dos demais, marcar aquela diferença de chegar isolado à meta. Este clássico mostrou-se um champanhe de outro campeonato, demonstrou a superioridade desta região face às restantes. Perfil típico de notas tostadas, brioche, com exuberância; boca com volume, crocante, mas delicada; notável equilíbrio na acidez perfeita, final enorme. No entanto, há algo a sublinhar: esta garrafa não veio de uma garrafeira para o evento do 4 HM; esta pérola esteve a fazer o seu percurso na calma de uma garrafeira particular, onde encontrou condições para evoluir, melhorar e apresentar-se num momento de forma inesquecível. Não sabemos ano de colheita ou dégorgement, nem tempo de estágio no produtor ou até em casa, sabemos que foi o vinho da noite e, possivelmente, o vinho de entrada do ano. Essa informação, que permitiria perceber melhor a evolução, teria sido a cereja em cima do bolo. Excelente.

Já tinham passado 7 vinhos pela mesa e ainda faltava a região referência de Portugal: Távora-Varosa. Ao 8º aconteceu, com o Murganheira Touriga Nacional, espumante que já por cá passou 2 ou 3 vezes e manteve uma ótima recetividade pelo grupo. Desta vez foi a colheita 2001 e impressionou pela sua cor, que não mostrou qualquer indício de evolução, pela belíssima frescura e a delicada e elegante bolha fina. Um espumante exemplar nas qualidade, longevidade e prazer na prova. Mereceu aclamação geral, excelente.

Outro caso sério desta casa é o Murganheira Assemblage, resulta de lotes de vários vinhos, com longo estágio no produtor antes de sair para o mercado. Temos assim um espumante com ares de champanhe, com o estágio a mostrar-se nas notas de tosta, frutos secos e balsâmicos. Na boca mostra ótima frescura e uma bolha muito elegante. Complexidade, elegância, grande qualidade, um espumante excelente.
O fecho de festa foi com o Ruinart Brut. Um champanhe que aposta na delicadeza e na subtileza. Os aromas têm sugestões fumadas e de tosta, na boca é fresco e agradável, termina médio. Um champanhe muito agradável, mas claramente prejudicado pela qualidade dos que o antecederam, mais ao gosto dos presentes. Passou pela mesa sem especial entusiasmo. Muito bom.


Nome Vinho Ano Tipo Castas Região Produtor Preço Prateleira Nota
Soalheiro Rosé 2011 Espumante Bruto
Vinhos Verdes VinuSoalleirus 12,50 € 16,5
CC & CP Pinot Noir 2007 Espumante Pinot Noir
Carlos Campolargo e Celso Pereira 25,00 € 16,5
Cattier Vintage Cuvée Renaissance 2005 Champanhe Pinot Noir, Chardonnay Champagne Cattier 40,00 € 17
Valdobbiadene Garbara Millesimato 2011 Prosecco Prosecco Itália Azz. Agr. Grottomirco 8,00 € 15,5
Luis Pato Baga 2010 Espumante Baga Bairrada Luis Pato 7,50 € 15
Hibernus Vintage 2010 Espumante Bruto
Bairrada Maria Rosário Reis Tiago Carvalho 25,00 € 17
Veuve Clicquot Yellow Label
Champanhe
Champagne Veuve Clicquot Ponsardin 40,00 € 18,5
Murganheira Touriga Nacional 2001 Espumante Bruto Touriga Nacional Távora-Varosa Murganheira Vinhos e Espumantes 18,00 € 18
Murganheira Assemblage 1999 Espumante Bruto
Távora-Varosa Murganheira Vinhos e Espumantes 22,00 € 17,5
Ruinart Brut
Champanhe
Champagne Ruinart 43,50 € 16,5

Sem comentários:

Enviar um comentário