O jantar de dezembro
inspira-se na época festiva, portanto, é reservado a bolhas, sejam champanhes,
espumantes, cavas ou outros. A edição 2013 decorreu no restaurante Dália, na
Póvoa de Varzim, que teve a amabilidade de nos receber e fê-lo com toda a simpatia
e competência. É um local moderno, espaçoso e muito agradável, que apresentou
um menu delicioso, aprovado por unanimidade.
O jantar manteve a
tradição das versões anteriores. Seja pela época ou pelo tipo de bebida, o
facto é que estes nossos encontros de final de ano são muito leves, alegres,
bem dispostos. Ficamos com a sensação que as bolhas propiciam este tipo de
convívio, pelo seu carácter fresco e, muitas vezes, leve, características que
favorecem um ambiente descontraído.
O painel foi bem
diversificado, com passagens por França e Itália, mesmo que os espumantes
nacionais tenham sido, naturalmente, predominantes. E que bem se portaram os
nossos vinhos, com a Murganheira em grande destaque, a pedir meças a um ou
outro champanhe, e o Hibernus Vintage a reunir um consenso e aprovação bem
acima da média. Não temos por hábito distinguir vencedores, mas, o Veuve
Clicquot que provámos deixou os companheiros de degustação bem distantes.
Ficam as impressões
dos vinhos, em prova cega de 10 participantes.
Soalheiro rosé: de uma
casa referência nos alvarinhos, temos um rosé muito agradável, consensual e com
caráter. Mostou cor salmão, aroma vegetal, frutado e floral, boa presença na
boca, suave, fresco e equilibrado até ao bom final. Muito bom.
CC & CP Pinot Noir: a
parceria entre Carlos Campolargo e Celso Pereira (Vértice) também esteve muito
bem. Este espumante 2007 mostra já sinais de evolução, o que acabou por gerar
algumas opiniões distintas entre os presentes. No entanto, a qualidade notória
foi reconhecida e apreciada pela maioria. De cor salmão, aromas complexos, com
nuances frutadas, vegetais, balsâmico e madeira. Fresco, suave e equilibrado,
termina médio.
A primeira incursão
pela região de Champagne foi com o Cattier Vintage Cuvée Renaissance (um
nome pomposo), vinho que se apresentou em bela forma (ano 2005), agradou,
embora não tenha sido reconhecido de forma unânime como um champanhe. Com cor
citrina, aromas com especiarias, balsâmicos e nuances de madeira, na boca
mostrou-se suave, fresco e equilibrado. Final longo, muito bom.
Continuámos a viagem
pela Europa, com paragem em Itália para provarmos o seu característico
Prosseco. Este Valdobbiadene Garbara Millesimato mostrou-se muito
agradável e de perfil amigável, com boa presença de boca e tipo meio-seco. Cor
citrina, aromas frutados e com algum anis, bem leve na boca, com frescura e
equilíbrio até ao final médio. Um bom spumanti.
O regresso a Portugal
foi através de uma região cujos espumantes são cartão de visita: Bairrada. Na
mesa esteve um vinho de um dos seus mais conhecidos produtores: Luís Pato.
Fazendo juz à sua alcunha de Sr. Baga, elabora um Luís Pato Baga, que
compareceu no jantar. Causa logo impacto pela cor avermelhada, que gerou motivo
de conversa; depois, as boas frescura e leveza na boca conferem um perfil
agradável, consensual. Curiosamente, é um baga com mais notas de frutos
vermelhos do que vegetal e terroso, como muitas vezes a casta nos aparece.
Feito para agradar, consegue-o, é um bom espumante.
Não é uma marca muito
conhecida e demonstra que a abertura para coisas novas pode reservar boas
surpresas. Também da Bairrada veio o Hibernus Vintage, um espumante de
grande qualidade, que chegou, viu e (con)venceu. Mostrou característica de
espumantes de gama mais elevada, com complexidade nos aromas, bolha fina, boa
frescura, bem como equilíbrio e elegância globais. Destacou-se pela unanimidade
na avaliação, já que as classificações variaram entre 16,5 e 17,5, ou seja, tem
qualidade, é reconhecida e agrada na prova. Muito bom, boa surpresa.
Regresso a Champagne,
com um vinho clássico: Veuve Cliquot. Por vezes acontece um vinho
destacar-se dos demais, marcar aquela diferença de chegar isolado à meta. Este
clássico mostrou-se um champanhe de outro campeonato, demonstrou a
superioridade desta região face às restantes. Perfil típico de notas tostadas,
brioche, com exuberância; boca com volume, crocante, mas delicada; notável
equilíbrio na acidez perfeita, final enorme. No entanto, há algo a sublinhar:
esta garrafa não veio de uma garrafeira para o evento do 4 HM; esta pérola
esteve a fazer o seu percurso na calma de uma garrafeira particular, onde
encontrou condições para evoluir, melhorar e apresentar-se num momento de forma
inesquecível. Não sabemos ano de colheita ou dégorgement, nem tempo de estágio
no produtor ou até em casa, sabemos que foi o vinho da noite e, possivelmente,
o vinho de entrada do ano. Essa informação, que permitiria perceber melhor a
evolução, teria sido a cereja em cima do bolo. Excelente.
Já tinham passado 7
vinhos pela mesa e ainda faltava a região referência de Portugal:
Távora-Varosa. Ao 8º aconteceu, com o Murganheira Touriga Nacional,
espumante que já por cá passou 2 ou 3 vezes e manteve uma ótima recetividade
pelo grupo. Desta vez foi a colheita 2001 e impressionou pela sua cor, que não
mostrou qualquer indício de evolução, pela belíssima frescura e a delicada e
elegante bolha fina. Um espumante exemplar nas qualidade, longevidade e prazer
na prova. Mereceu aclamação geral, excelente.
Outro caso sério
desta casa é o Murganheira Assemblage, resulta de lotes de vários
vinhos, com longo estágio no produtor antes de sair para o mercado. Temos assim
um espumante com ares de champanhe, com o estágio a mostrar-se nas notas de
tosta, frutos secos e balsâmicos. Na boca mostra ótima frescura e uma bolha
muito elegante. Complexidade, elegância, grande qualidade, um espumante
excelente.
O fecho de festa foi
com o Ruinart Brut. Um champanhe que aposta na delicadeza e na
subtileza. Os aromas têm sugestões fumadas e de tosta, na boca é fresco e
agradável, termina médio. Um champanhe muito agradável, mas claramente
prejudicado pela qualidade dos que o antecederam, mais ao gosto dos presentes.
Passou pela mesa sem especial entusiasmo. Muito bom.
Nome Vinho | Ano | Tipo | Castas | Região | Produtor | Preço Prateleira | Nota |
Soalheiro Rosé | 2011 | Espumante Bruto | Vinhos Verdes | VinuSoalleirus | 12,50 € | 16,5 | |
CC & CP Pinot Noir | 2007 | Espumante | Pinot Noir | Carlos Campolargo e Celso Pereira | 25,00 € | 16,5 | |
Cattier Vintage Cuvée Renaissance | 2005 | Champanhe | Pinot Noir, Chardonnay | Champagne | Cattier | 40,00 € | 17 |
Valdobbiadene Garbara Millesimato | 2011 | Prosecco | Prosecco | Itália | Azz. Agr. Grottomirco | 8,00 € | 15,5 |
Luis Pato Baga | 2010 | Espumante | Baga | Bairrada | Luis Pato | 7,50 € | 15 |
Hibernus Vintage | 2010 | Espumante Bruto | Bairrada | Maria Rosário Reis Tiago Carvalho | 25,00 € | 17 | |
Veuve Clicquot Yellow Label | Champanhe | Champagne | Veuve Clicquot Ponsardin | 40,00 € | 18,5 | ||
Murganheira Touriga Nacional | 2001 | Espumante Bruto | Touriga Nacional | Távora-Varosa | Murganheira Vinhos e Espumantes | 18,00 € | 18 |
Murganheira Assemblage | 1999 | Espumante Bruto | Távora-Varosa | Murganheira Vinhos e Espumantes | 22,00 € | 17,5 | |
Ruinart Brut | Champanhe | Champagne | Ruinart | 43,50 € | 16,5 |
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