O jantar de Maio deslizou um pouco e acabou por ocorrer a 01 Junho. Foi marcado por uma série de imprevistos que o tornaram bastante diferente do habitual. A circunstância da mudança de data, participantes a chegar ao aeroporto Francisco Sá Carneiro à hora de início do repasto, temperaturas dos vinhos armadilhadas e mesmo uma ausência temporária de emergência a meio do jantar para resolver um problema de cafetaria. Tudo isto aconteceu com 3 convidados sem qualquer responsabilidade nos imprevistos, que tiveram a paciência de os ultrapassar connosco. No final, o sentimento foi o habitual, mais um bom momento de convívio, partilha desta paixão e quase todos a saber uma pouco mais sobre este imenso mundo do vinho. Perante este balanço, uma reflexão despertou: estamos mal habituados. Na verdade, haver um jantar que se destaque pelos imprevistos, que até acabaram por não ter impacto significativo no balanço global, significa que acontecem muito poucas vezes. Podemos sentir satisfação pela forma como decorrem, habitualmente, os jantares do 4 HM.
A abertura seguiu a tradição de ser com espumantes, desta vez com 3 das Caves S. Domingos, rosé, baga bruto e o Elpídio arinto / chardonnay. Estiveram todos muito bem, com o segundo a recolher a preferência geral e a destacar-se na análise da relação qualidade/preço. Seguiu-se o capítulo brancos, que começou muito bem com um vinho do Dão no patamar de muito bom, Casa de Mouraz; seguiu-se um bom vinho do Douro focado na relação qualidade/preço, Adega de Vila Real Reserva (casta moscatel a destacar-se), e fechou muito bem com um clássico Alentejano (Cartuxa). Naturalmente seguiram-se os tintos, com o azar de começarmos com uma garrafa que apresentava o vinho alterado, mas logo seguimos em viagem. Início na África do Sul, com um Merlot muito bom, e passagem por França onde um bom vinho com indícios de capacidade de guarda antecedeu um belo Duriense (Baton). Fechámos com os tradicionais generosos, que foram dois vinhos do Porto de gabarito, Kopke LBV 2005 e Noval LBV 2004. Um encerramento cheio de qualidade, com as 02h00 da manhã bem próximas (felizmente era sexta-feira). No final, as contrariedades foram esquecidas perante as horas bem passadas com a cozinha do Fusão Restaurante Lounge, um bom painel de néctares provados e muita conversa à volta do vinho.
Ficam as impressões dos vinhos provados por um painel de 10 elementos:
Entrada
S. Domingos Rosé: Cor rosa pálido, aroma frutado e floral. Fresco, suave e e equilibrado na boca, termina médio. Um bom espumante.
S. Domingos Baga Bruto: Cor palha, aroma frutado, floral e balsâmico. Suave, fresco e equlibrado, mostrao boa mousse até ao final médio. Muito bom.
S. Domingos Elpídio: Cor palha, aroma frutado, com citrinos. Suave, fresco, embora sem equlíbrio perfeito, mantém a nota cítrica até ao final médio. Bom espumante.
Brancos
Casa de Mouraz: Amarelo citrino, nariz frutado, vegetal e mineral. Na boca, é fresco, suave e equilibrado, mantendo o perfil do nariz até ao final médio. Um branco muito bom.
Adega Vila Real: cor palha, nos aromas alia fruta, flores e nuances amadeiradas. Fresco, suave e equilibrado na boca, mostra mais doçura e algum coco, até ao final médio. Destaque pela boa relação qualidade/preço.
Cartuxa: cor amarelo palha, aroma ainda frutado, mas a denotar sinais de evolução. Na boca a frescura já não estava no seu melhor, mas ainda conseguia manter o equilíbrio global. Final um pouco curto, num vinho ainda bom.
Tintos
Adega Pegões Cabernet: uma garrafa que trouxe um vinho alterado, com aromas pouco limpos e pouca vida na boca.
La Petit Ferme: Cor rubi, nariz frutado, com notas de estágio em madeira e uma clara sensação de azeitona. Suave, com taninos redondos, fresco e equilibrado, termina médio. Apreciação global muito boa.
Vieaux Chateau Chambeau: Cor rubi, nariz frutado, notas de madeira e balsâmico. Taninos bem presentes, com alguma adstringência, fresco e equilibrado. Final médio para um vinho muito bom. Ficou a impressão de ainda poder melhorar em garrafa.
Baton: Cor rubi, nariz complexo, com fruta, mineral, espeicadrias e nuances de madeira. Suave, encorpado, taninos redondos, fresco e equilibrado, termina longo. Muito bom.
Sobremesa
Kopke LBV: cor rubi, aroma frutado, floral e mineral. Encorpado, com taninos redondos, está bem equilibrado. Final médio, num LBV muito bom, pujante.
Noval LBV: cor rubi, complexo nos aromas, com fruta, terra, cassis, floral, nota-se o bouquet a desenvolver-se. Encorpado, muito suave e equilibrado, termina longo. Um belo LBV, polido, elegante, cativante.
Nome Vinho | Ano | Tipo | Castas | Região | Produtor | Preço Prateleira | Class. |
S. Domingos Rosé | 2010 | Espumante | Baga, Touriga Nacional | Bairrada | Caves S. Domingos | 5,00 € | 15,5 |
S. Domingos Baga | 2007 | Espumante Bruto | Baga | Bairrada | Caves S. Domingos | 7,00 € | 15,5 |
S. Domingos Elpídio | 2007 | Espumante Bruto | Arinto, Chardonnay | Bairrada | Caves S. Domingos | 7,00 € | 14,5 |
Casa de Mouraz | 2010 | Branco | Dão | Casa de Mouraz | 7,00 € | 16 | |
Adega de Vila Real Reserva | 2010 | Branco | Douro | Adega de Vila Real | 4,60 € | 15 | |
Cartuxa | 2009 | Branco | Antão Vaz, Arinto | Alentejo | Fundação Eugénio Almeida | 7,00 € | 15 |
Adega de Pegões CS | 2005 | Tinto | Cabernet Sauvignon | Reg. Setúbal | Adega de Pegões | 5,00 € | 14,5 |
La Petit Ferme | 2006 | Tinto | Merlot | África do Sul | La Petit Ferme | 16 | |
Vieux Chateau Chambeau | 2009 | Tinto | Luissac - St. Emilion | Vieux Chateau Chambeau | 10,00 € | 16 | |
Baton | 2008 | Tinto | Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinta Barroca, Touriga Franca | Douro | Casal Loios | 15,00 € | 17 |
Kopke LBV | 2005 | Vinho do Porto | Vinho do Porto | Sogevinus Fine Wines | 14,00 € | 16,5 | |
Quinta do Noval LBV Unfiltered | 2004 | Vinho do Porto | Vinho do Porto | Quinta do Noval | 18,00 € | 17 |
Sem comentários:
Enviar um comentário